Tropa de ouro

E Tropa de Elite, quem diria, levou o ouro em Berlim. É surpreendente. Tropa é um bom filme de ação com um corte psico-sociológico. Não tem grandes novidades, nem éticas, nem estéticas. Capitão Nascimento é uma espécie de Jack Bauer Varonil e boa parte dos recursos estilísticos já puderam ser vistos em Cidade de Deus.

A premiação de Tropa foi uma escolha política. A ousadia do juri deve-se ao tema da tortura e da corrupção. Se os críticos do filme correram para acusá-lo de fascista essa foi uma leitura equivocada, em muito sugerida pela opção pelo narrador na pessoa do Capitão Nascimento. Particularmente, não gosto de narração, ainda que alguns dos meus filmes prediletos a usem. Apocalypse Now, para citar um. No filme de Coppola, a narração conduz ao climax, o encontro com o Coronel Kurtz. É uma pegada diferente, mas isso é outra história.

Tropa discute a questão do uso irrestrito e desmedido da força pelo aparelho do estado e o faz pela voz de uma das faces do problema, o capitão do Bope. Ao fazer isso, não se apóia em alguma explicação “social” débil para a criminalidade. Esse distanciamento fez as vozes se levantarem contra o filme, num equívoco ideológico, o da critica do filme como uma peça fascista. O Capitão Nascimento, a molecada imitando as cenas de tortura no Youtube ou a classe média escondendo um risinho indisfarçavel a cada bandido fuzilado (lembrem-se do massacre do Carandiru) talvez sejam. Mas aí, há um problema da sociedade, não no filme. Esse escancaramento é a grande virtude de Tropa.

O juri do festival alemão teve a sensibilidade de entender a discussão urgente que o filme traz. Aliás, o ganhador do urso de prata também trata sobre esse tema. Tropa é muito coerente com o espírito de seu tempo. Isso valeu seu prêmio.

12 thoughts on “Tropa de ouro

  1. Gosto da declaração do Meirelles para a Folha, observando que o filme permanece mais que a crítica… Foram muitos os impressionados que suspenderam o uso de alguma droga depois de assistir Tropa de Elite. E há os que passaram a produzir sua própria.

  2. Tens razão, outra implicância da crítica deve-se ao fato do filme jogar no colo dos maconheiros com diploma universitário parte da culpa pela violência. O único caminho para enfrentar a questão, ou qualquer questão, é aceitar parte de suas responsabilidades. Santa ingenuidade.

  3. Foi uma experiência única os dias que passei entre o Kalapalos. Ainda estou me distanciando para escrever algo sobre isso. Já tem umas fotos, no menu imagens. Minha expectativa é fazer um documentário de média-metragem. Agora é que começa a briga.

  4. Jose Aluizio, concordo plenamente contigo. Escrevo para o Metrópole, do Estadão, e posso dizer que o filme é um retrato fiel da realidade que acopanhamos quase diariamente. Há muitas óticas possíveis dessa mesma realidade. Tivemos já o Cidade de Deus, outro filme brilhante, que mostra a ótica dos que nasceram e cresceram no difícil universo dos bairros pobres, dos morros e periferias, e enveredaram pelo crime. E tem o Tropa, que mostra a mesma realidade, pela ótica da polícia. Tem o Meu Nome Não é Johnny, que mostra a classe média envolvida. Falta, talvez, um filme sob a ótica das comunidades reféns dessa guerra. Não é Tropa que que é fascista, mas a sociedade e, talvez por isso, o filme tenha incomodado tanta gente. . Abs. Adriana (http://blog.estadao.com.br/blog/carranca/)

  5. Jose Aluizio, concordo plenamente contigo. Escrevo para o Metrópole, do Estadão, e posso dizer que o filme é um retrato fiel da realidade que acopanhamos quase diariamente. Há muitas óticas possíveis dessa mesma realidade. Tivemos já o Cidade de Deus, outro filme brilhante, que mostra a ótica dos que nasceram e cresceram no difícil universo dos bairros pobres, dos morros e periferias, e enveredaram pelo crime. E tem o Tropa, que mostra a mesma realidade, pela ótica da polícia. Tem o Meu Nome Não é Johnny, que mostra a classe média envolvida. Falta, talvez, um filme sob a ótica das comunidades reféns dessa guerra. Não é Tropa que que é fascista, mas a sociedade e, talvez por isso, o filme tenha incomodado tanta gente. . Abs. Adriana (http://blog.estadao.com.br/blog/carranca/)

  6. Jose Aluizio, concordo plenamente contigo. Escrevo para o Metrópole, do Estadão, e posso dizer que o filme é um retrato fiel da realidade que acopanhamos quase diariamente. Há muitas óticas possíveis dessa mesma realidade. Tivemos já o Cidade de Deus, outro filme brilhante, que mostra a ótica dos que nasceram e cresceram no difícil universo dos bairros pobres, dos morros e periferias, e enveredaram pelo crime. E tem o Tropa, que mostra a mesma realidade, pela ótica da polícia. Tem o Meu Nome Não é Johnny, que mostra a classe média envolvida. Falta, talvez, um filme sob a ótica das comunidades reféns dessa guerra. Não é Tropa que que é fascista, mas a sociedade e, talvez por isso, o filme tenha incomodado tanta gente. . Abs. Adriana (http://blog.estadao.com.br/blog/carranca/)

  7. Jose Aluizio, concordo plenamente contigo. Escrevo para o Metrópole, do Estadão, e posso dizer que o filme é um retrato fiel da realidade que acopanhamos quase diariamente. Há muitas óticas possíveis dessa mesma realidade. Tivemos já o Cidade de Deus, outro filme brilhante, que mostra a ótica dos que nasceram e cresceram no difícil universo dos bairros pobres, dos morros e periferias, e enveredaram pelo crime. E tem o Tropa, que mostra a mesma realidade, pela ótica da polícia. Tem o Meu Nome Não é Johnny, que mostra a classe média envolvida. Falta, talvez, um filme sob a ótica das comunidades reféns dessa guerra. Não é Tropa que que é fascista, mas a sociedade e, talvez por isso, o filme tenha incomodado tanta gente. . Abs. Adriana (http://blog.estadao.com.br/blog/carranca/)

  8. Adriana, os são três grandes sucessos de bilheteria. Soma-se a eles o Carandiru do Babenco, ainda que sem a qualidade dos outros. O cinema nacional, com todas suas limitações e vícios do sistema de financiamento, quando é verdadeiro e direto, diz muito ao público, que responde a altura. Especialmente Cidade e Tropa, foram fenômenos culturais muito amplos, modificando a própria cultura, da maneira de fazer cinema ao modo de pensar o Brasil. Ah, claro, eu acompanho sim seu blog no Estadão. É um prazer recebê-la aqui.

  9. Adriana, os são três grandes sucessos de bilheteria. Soma-se a eles o Carandiru do Babenco, ainda que sem a qualidade dos outros. O cinema nacional, com todas suas limitações e vícios do sistema de financiamento, quando é verdadeiro e direto, diz muito ao público, que responde a altura. Especialmente Cidade e Tropa, foram fenômenos culturais muito amplos, modificando a própria cultura, da maneira de fazer cinema ao modo de pensar o Brasil. Ah, claro, eu acompanho sim seu blog no Estadão. É um prazer recebê-la aqui.

  10. Adriana, os são três grandes sucessos de bilheteria. Soma-se a eles o Carandiru do Babenco, ainda que sem a qualidade dos outros. O cinema nacional, com todas suas limitações e vícios do sistema de financiamento, quando é verdadeiro e direto, diz muito ao público, que responde a altura. Especialmente Cidade e Tropa, foram fenômenos culturais muito amplos, modificando a própria cultura, da maneira de fazer cinema ao modo de pensar o Brasil. Ah, claro, eu acompanho sim seu blog no Estadão. É um prazer recebê-la aqui.

  11. Adriana, os são três grandes sucessos de bilheteria. Soma-se a eles o Carandiru do Babenco, ainda que sem a qualidade dos outros. O cinema nacional, com todas suas limitações e vícios do sistema de financiamento, quando é verdadeiro e direto, diz muito ao público, que responde a altura. Especialmente Cidade e Tropa, foram fenômenos culturais muito amplos, modificando a própria cultura, da maneira de fazer cinema ao modo de pensar o Brasil. Ah, claro, eu acompanho sim seu blog no Estadão. É um prazer recebê-la aqui.

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