Saldo

Deu a lógica. Lula venceu com um bolsa-família de vantagem, numa das eleições mais entediantes que se tem notícia. Os quatro principais postulantes à presidência mostraram-se políticos de segunda classe. O resultado consagra, no entanto, o mecanismo da reeleição. Quaisquer sejam as restrições ao presidente Lula, é justo e desejável que a população possa lhe outorgar outro mandato. Será sempre uma tarefa difícil ao opositor, mas sempre haverão candidatos.
Nos estados, o resultado das urnas foi mais interessante. A grande notícia é a derrota de Sarney e ACM. No Maranhão, o prejuízo que a oligarquia apoiada por Lula proporcionava para o estado é bem mais grave do que na Bahia, onde a força política de ACM já minguava há algum tempo. No Pará, a virada de Ana Julia rompe o ciclo político tucano no estado, destoando do continuísmo dos demais estados amazônidas. No Nordeste, Jacques Wagner, Eduardo Campos e os Gomes devem crescer no cenário nacional ante a desmoralização geral dos caciques petistas oriundos de São Paulo.
No Rio, Sergio Cabral Filho é uma incógnita com a vantagem de que qualquer coisa é melhor para Rio do que o casal Garotinho.
Já a opção tucana de Minas, São Paulo e do Rio Grande Sul são a contrabalança ao poder federal do PT. Lula e esses governadores terão que negociar. Não é uma questão de estratégia política ou benevolência, mas sobrevivência de seus respectivos governos.
Quanto a Lula, é impossível não comparar sua vitória a de W. Bush. Ambos concorreram sobre intenso bombardeio da imprensa, cada qual com suas questões irrespondíveis. Ambos enfrentaram candidatos de aspecto asseado e incongruente. Ambos foram privilegiados por condições econômicas independentes de sua gestões. W. Bush perdeu sua popularidade em dois anos. Em uma semana – quem viver verá – deve sofrer uma grande derrota nas urnas. Lula acaba de ganhar um novo animo para reverter o declínio que vinha afetando seu governo. A herança, maldita ou bendita, agora é dele mesmo.

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