Pirataria

Como disse, a estréia de “Tropa de Elite” foi um sucesso e como dizem, o Bope anda aplaudido no Rio de Janeiro. O filme em si é um excelente filme de ação, um policial bem feito e hiperealista como não se está acostumado a ver em outra lingua que não o inglês. Vale o ingresso do cinema e o aluguel do DVD oficial. Mas não vai além disso. É um filme policial e pronto.

O curioso é que a polêmica em torno da pirataria seja mais importante que a polêmica, inexistente até o momento, sobre a tortura como recurso de repressão dos agentes do estado e os limites entre ela e a aparentemente incorruptível tropa de elite.

O forte apelo popular de “Tropa” é o grande chamariz do seu sucesso nas bancas de camelô. Lançamentos nacionais de alto nível como “Cão Sem Dono” ou “Não por Acaso” não acredito que fariam o mesmo sucesso. Ou mesmo a grande curiosidade de como será o “Blindness” de Fernando Meirelles. O filme de José Padilha bombou na pirataria porque está no perfil do comprador médio de filmes piratas. Sem demérito nem a um nem a outro. Outros filmes nacionais frequentam bancas de camelô e não tiveram a mesma repercussão. Os louros até aqui são exclusivamente do filme.

A outra questão é a realidade que artistas e produtores devem finalmente encarar a mudança de paradigma da – num tucanês-beijaminiano – “reprodutibilidade técnica” de baixo custo. Meu velho professor Leonel ensinava, contra fatos não há argumentos. Filmes, músicas, imagens, textos e jogos são e serão cada vez mais copiados e distribuídos com facilidade. E as bancas de DVD pirata ficaram apenas para quem não tem grana nem para o cinema, quanto mais para a banda larga, caminho natural de escoamento das cópias não autorizadas. Bem vindo à realidade.

As gravadoras demoraram para entender isso e foi necessário uma empresa de computadores para quebrar essa barreira. Não é por outra razão que a mais valiosa empresa de conteúdo não produza uma única linha.

(Continuo depois)

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