Muito racionais

Os primeiros e únicos 25 minutos do show dos Racionais na praça da Sé mostram como Mano Brown faz todo sentido. O péssimo som do evento deixou em dúvida se os Racionais finalmente haviam entrado no palco. Passava das 4 da manhã, uma hora e meia de atraso. Seu público fiel esperou combalido pelo cansaço da maratona no centro da capital. Nos primeiros versos audíveis, a massa soltou a voz e fez coro para frases cortantes de “Eu sou 157”. Emocionante a conexão do público, de sorriso nos lábios e olhos fechados, com a mensagem crua da música. Brown é um letrista inteligente. Cria cenários hyper-realistas, faz drigressões, volta no tempo e discursa para a periferia o manifesto dos “50 mil manos”. É incoerente e conciso, machista e cristão, ladrão e arrependido, viciado e professoral. Em pouco tempo veio a bagunça. Gás lacrimogênio, balas de borracha, como disse o moleque de tôca “tô sentindo cheiro de tiro”. Acabou, nem me viu, já sumi na neblina.

Fui ver o The Central Scrutinizer no Municipal, as 6 da manhã. Tocam Zappa com galhardia.

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