Leitura de fim de ano

Um pouco de tempo livre li “A Última Casa de Ópio” de Nick Tosches (Conrad), jornalista americano, biógrafo de Jerry Lee Lewis e Dean Martin. A Conrad é uma boa editora. Publicou a divertida “Zona Autônoma Temporária” de Hakim Bey e esse o nome, não sei, talvez uma homenagem a Joseph Conrad, o criador do Coronel Kurtz, o homem do coração da África, levado às telas no Vietnã de Apocalipse Now. O coronel é, ele mesmo, o criador de uma TAZ e tem como doorman um fotojornalista, interpretado por Dennis Hopper, um cérbero da loucura intelectual da guerra.

Pois, Tosches vai pela China e sudeste asiático em busca do ópio perfeito. No começo do livreto, ele divaga sobre cebolas exorbitantes em restaurantes finos e arrasa os apreciadores de vinho, os que com uma cheirada são capazes de identificar, na taça de “vinagre azedo”, cortes de baunilha, o cheiro da crina de cavalo, toques de cereja e demais nuances olfativas e sentimentais. Ironicamente, as descrições finais de suas viagens de ópio são igualmente subjetivas e fanfarronas. Tosches detalha, em tom de grande reportagem, personagens e cenários reais do mercado da papoula para logo depois se derramar nos delírios subjetivos das viagens opiácias. Digamos, inspirador.

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