Infelizmente eu não fumo

Depois de dois meses fumando um maço por dia, larguei temporariamente o tabagismo em Hong Kong. É uma decisão pouco rozoável ficar sem fumar na China. Primeiro você será um fumante passivo. Fuma-se no trem, no ônibus, no elevador, na maternidade, em qualquer lugar. O tabaco chinês tem um cheiro diferente, mais adocicado. Lembra cigarilha, com seu papel escuro. Para o fumante passivo, é diferente do sabor ácido da fumaça de um Marlboro. Seu cheiro confunde no final, com os odores das comidas feitas na rua, da fritura que escapa dos restaurantes.

Cigarros são vendidos sem restrição, em pacotes com dez unidades. Os rótulos tendem para o marrom, o vermelho e o dourado, tons escuros, inspirados em temas campestres. A China Tabaco lidera o mercado chinês. Um vendedor de um grande fabricante viaja comigo num ônibus para Dali. Enquanto eu almoço, ele puxa conversa, acende um cigarro e solta a fumaça na minha mesa. Pergunto se ele não se importa em vender algo tão prejudicial a saúde. Ele dá de ombros, me diz que também fuma. E, como um vendedor de cigarros, deve fumar para convencer seus clientes.

Mas o grande problema para o homem não fumante na China é o ritual do tabaco. Aquele que se afasta dos bares e restaurantes turisticos e se mistura ao povo nos estabelecimentos chineses invariavelmente é obrigado a recusar as centenas de cigarros que lhe são oferecidos. Uma descortesia só permitida a um estrangeiro.

A barreira da língua provoca um silêncio agradável após as refeições. O cozinheiro naturalmente oferece um cigarro. Mudos, observamos as pessoas apressadas, protegendo-se do frio do fim de tarde. Ele traga seu cigarro e sorri. Infelizmente eu não fumo.

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