“The Lalo”, com Heifetz, corpo e alma

Na Sala São Paulo, a Osesp se apresentou com o jovem ucraniano Kuba Jacowicz. Levaram a Sinfonia Espanhola, de Édouard Lalo, e a bela Sinfonia nº3 – com orgão – de Saint-Saêns. A peça de Lalo é fundamental no repertório de um violinista. Poderia dizer que nela há um exato equilíbrio entre técnica e sentimento, não tivesse lido entre as crônicas de Manuel Bandeira, recém publicadas pela CosacNaify, que “a técnica como arte, é essencialmente expressiva”. É um discussão interessante. Não raro o virtuosismo pode carecer de “alma”. Manuel Bandeira diz ser isso uma bobagem. Citando Nietzsche, lembra que no verdadeiro amor, a alma envolve o corpo. Assim, não poderia haver apuro técnico sem subjetividade, sem conteúdo espiritual, sem sentimento.

Abaixo você pode ouvir os dois últimos movimentos da sinfonia de Lalo com Jascha Heifetz ao violino, mestre na combinação de técnica e sentimento.

III Movimento, Andante, melancólico, com um fraseado ibérico bastante vivo.
III movimento

IV Movimento, Rondo: um allegro, divertido e colorido.
IV movimento

(a peça orginalmente tem 5 movimentos, o terceiro é muitas vezes ignorado, inclusive por Heifetz)

(maio de 2008)

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