Fumaça no canavial

O presidente Lula não perde uma oportunidade para defender o “nosso” álcool. De fato, é uma bobagem negar as virtudes do programa brasileiro de combustíveis renováveis. Iniciado em meio a crise do petróleo dos anos 70 como uma alternativa ecônomica, foi praticamente abandonado com a queda nos preços de óleo e aumento da demanda internacional por açucar. A regulamentação da tecnologias flexíveis, na prática, a inovação mais importante de todo o processo, abriu caminho para a retomada do álcool nas bombas, apoiada ainda pela corrente onda ecológicamente correta.

A peregrinação presidencial é, no entanto, um equívoco alimentado pela idéia do “Brasil, celeiro da humanidade”. Na Europa, EUA e Japão, a grande virada tecnológica do século XXI, no que se refere à emissão de CO2 por veículos automores, será a redução, ou eliminação, do papel da combustão na produção de energia nos motores. As tecnologias capazes de movimentar um carro onde o papel do combustível é reduzído ou nulo já existem e, embriagados pelas potencialidades do etanol de cana-de-açucar, parece passar meio despercebido do grande público e do sábios do governo.

Na Califórnia, o rico estado estadunidense que experimentou como poucos o século do automóvel e, portanto, onde as exigências no controle de emissões está mais avançado, já é considerável a frota de automóveis híbridos circulando. A tecnologia desses carros combina o uso de gasolina comum com um eficiente motor elétrico. O Toyota Prius, lançado em 1997, foi quase um mico restrito a estrelas de cinema engajados, no papel de early adopters, hoje custa, bem equipado, cerca de 25.000 dólares. A procura é tão grande que um Prius usado, com cerca de 15000km vale mais que um zero kilômetro na fila de espera. Até os 50 km/h o carro anda com o motor elétrico passou disso o motor a combustão é acionado e passa alimentar o elétrico. Faz 25 kilometros com um litro na cidade. Nada mal.

(janeiro de 2008)

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