A montanha do Abutre

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“I can handle big news and little news. And if there’s no news, I’ll go out and bite a dog” Charles Tatum

Robert Murdoch concluiu a compra do Wall Street Journal. Uma oferta hostil, como eles dizem lá. Australiano, Murdoch é uma espécie de Citizen Kane globalizado. Dono de TVs via satélite, jornais sensacionalistas na Australia, EUA e Inglaterra, do império Fox de televisão e cinema, com o trocadinho do bolso do colete, levou o MySpace. De longe parece um canguru jecão. Começou sua aventura internacional comprando jornais de interior. Deu certo. Pulou de pernada na onda conservadora-liberal do Atlântico Norte e agora abraça os donos do crescimento chinês sentado numa montanha de dinheiro e poder.

Não sei porque me lembrei de Kirk Douglas, no papel de Charles Tatum em “A Montanha dos Sete Abutres” (Billy Wilder, 1951). Despedido de “11 jornais por 11 razões diferentes” foi parar na pequena Albuquerque, Novo México. Em meio ao marasmo e a falta de notícias, Tatum descobre um homem preso numa mina de carvão abandonada. Percebe ser essa sua grande chance e monta um circo sensacionalista no qual ele é o mestre de cerimônias, prolongando ao máximo o sofrimento do rapaz para usufruir da fama de “dono da notícia”. Tatum mordeu o cachorro.
O dono do jornal Albuquerque Sun, Jacob Boot, sofreria para aceitar a oferta hostil de Murdoch. Chuck Tatum, o abraçaria de bom grado.

Em tempo: o título original é “Ace in the Hole”, algo como “um ás na manga”.

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