Vai ele mesmo

Bill Clinton completou o discurso de sua mulher, no terceiro dia da convenção democrata. Se ela não foi incisiva ao exaltar qualidades de Obama, Bill não deixou dúvida do apoio do casal, e aqui ele incluiu até a filha, a candidatura, a essa altura definitiva do senador. Permitiu-se, inclusive, comparar sua própria trajetória com a de Obama, ao lembrar que também foi considerado inexperiente para o cargo.

Durante todo o dia, as especulações sobre o tom do discurso do ex-presidente consideraram que ele venderia caro seu apoio. Após sua fala, não restaram dúvidas de que a máquina no partido democrata está mais azeitada que nas campanhas passadas. O conteúdo dos discursos foi milimetricamente calculado e o jogo-de-cena da mídia é não mais do que a valorização de uma desejada sensação de unidade do partido, depois de um traumático processo de prévias.

Essas eleições são cruciais para os democratas. Uma terceira derrota consecutiva poderá ser entendida como uma carta branca para o recrudescimento de um modelo de nação para o século XXI traçado pelos “bunkers neo-con” que consiste numa visão unilateralista da política internacional, concebida num breve momento no qual a hegemonia estadunidense era icontestável. Esse momento passou, China e Rússia são atores reais no palco e essa agenda, já mal implementada na saída, poderia representar um desastre se prolongada. Na ponta de economia, representaria um estado mais reduzido, a renda mais concentração de renda e um processo ainda mais lento na busca por matrizes de substituição das fontes de energia.

McCain ainda tem uma carta na manga antes da corrida começar. Não revelou seu vice. Ao que parece, será uma mulher com perfil empresarial. Seria a contrabalança ideal para o fortalecimento de sua candidatura e certamente o colocaria as duas chapas em condições de igualdade. É uma eleição a ser decidida no gogó.

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