A curva da unanimidade

Toda unanimidade é burra. Essa frase, pérola genial do cinismo, é praticamente uma autocontradição performativa, algo que os lógicos explicam como uma afirmação que contradiz ela mesma. Se toda unanimidade é burra, a burrice também seria unânime, inclusive a da frase, se entendi uma coisa ou outra.

A curva da unanimidade é uma das leis que regem as pautas da semana nesses tempos opinativos. Comentadores, colunistas, críticos, pseudo-críticos e demais personagens, inclusive este que vos aborrece, estão submetidos a duas leis básicas. A do ineditismo, nada mais do que sacar antes uma informação para frequentar as pautas da semana e a curva da unanimidade, que é perceber antes o momento em que o vento muda. Daí é só bater forte em quem recebia aplausos, ou vice-versa, aplaudir quem andava a tomar apupos

O já ultra-citado Tropa de Elite é bom exemplo. Vinha ganhando confetes pelo seu desempenho pirata até lhe aplicarem o cartão amarelo. A mudança de humores foi instantânea em pouco tempo o filme virou um peça de propaganda facista. Cidade de Deus, exaltado no lançamento, no final acabou recendo as credenciais de estetização da violência ou do publicitarianismo. O prêmio em Berlim, com um juri de esquerda, vai dar uma folga para Padilha e sua tropa, afinal, outra jequice Varonil é a sindrome do reconhecimento internacional, mas isso é outra história.

Quem está a cruzar o cabo da boa esperança unanimidade é Barack Obama. Óbviamente as informações a respeito de sua ação política real são limitadas e as paixões que desperta na fauna são pura projeção e otimismo. Aos poucos já começam a aparecer suspeitas as verdadeiras intenções do senhor carisma, o homem-discurso. Primeiro o plágio, agora associação a um conhecido gangster. Vai chegar a anti-semitismo.

É difícil saber se a onda Obama vai continuar crescendo. Se Madame Clinton reverter esse quadro, algo improvável, ou Obama perder de McCain, bem mais plausível, Obama virá o mito que nunca chegou lá. Presidente, Obama deixará de ser um bibelô messiânico para viver a dura realidade dos fatos. Esse filme já passou em algum lugar ao sul do Equador.

4 thoughts on “A curva da unanimidade

  1. Acho que todos só seriam burros se todos concordassem com o fato de a unanimidade ser burra. Logo tornando se uma unanimidade em si mesma, o que me leva a dizer que sua conclusiva só funcionando neste singelo caso. Acho que seria mais engraçado dizer que “A burrice de um é coletivamente de todos.” Sei lá…só brincando…hahaha. Valeu.

  2. Também acho essa piada meio capenga. A tese se restringe a mudança de humores quando um assunto fica com uma “cara unânime”. Quando isso acontece, é sempre bom desconfiar.
    Quanto a Hillary, é uma boa aposta. Ela tem mais controle sobre a máquina e Obama ainda não foi devidamente analisado, ainda é um fenômeno. Precisa ver se aguenta. Isso é briga de cachorro grandíssimo.
    Na linha piadas de gosto duvidoso, lanço essa, que vai acontecer se ela virar o jogo, anotem aí: “quem hillary por útltimo…”

  3. Lendo assim de novo eu até gostei da minha frase.
    Cachorros grandes sim…nesse jogo as reas são modificadas de acordo com os interesses. Difícil prever alguma coisa. E em ultimo caso tem sempre o Uncle SAM (secret agent man) para dar um jeito.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *