Eles pixam, tu pixas, eu pixo

Uma polêmica gasta tinta em alguns jornais paulistanos e, me dizem, chegou ao Fantástico.

Supostamente “pixadores” e “grafiteiros” estranham-se após anos de convivência pacífica nas paredes da cidade. Aqui e ali pululam manifestações dos primeiros indignados contra a guinada “comercial” dos segundos. Arriscam que os grafiteiros, no afã de virarem artistas, venderam-se às galerias. Assim, argumentam, os artistas de verdade são os pixadores, pois que transgressores e resistentes.

À parte a pretensão autoritária de julgar – e “atravessar” – o trabalho alheio, é uma discussão falsa de saída. Considerar um pixador “artista” é o mesmo que pretender que um sujeito que tira rachas de carro seja um piloto de Fórmula 1. Tratar vandalismo com pinceladas adolescentes como um movimento artístico é, no mínimo, um exagero.

Pior, há um componente reacionário na suposição de que a trangressão, ou quem sabe, a resistência, seja um ato heróico em si. Antiquado como manifesto, se fosse artístico, estéticamente repetitivo, se fosse uma linguagem e, mais do que nada, uma bobagem sem tamanho.

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